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NOTA DE REPÚDIO À GAZETA DO POVO PELAS MATERIAS TRANSFÓBICAS CONTRA UMA CRIANÇA TRANS E SUA FAMILIA

NOTA OFICIAL DA ALIANÇA NACIONAL LGBTI+

Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), é dever do Estado, sociedade e família proteger TODAS as crianças, garantindo sua existência e respeitando seus direitos fundamentais.

Após tentativa frustrada de entrevistar a mãe da criança trans, o Jornal Gazeta do Provo publicou textos tendenciosos, com cunho preconceituoso e transfóbico.

Nos dias 02/02/2021 e 03/02/2021 o jornal Gazeta do Povo de Curitiba publicou dentro da coluna “ideologia de gênero” materiais com as seguintes manchetes: “MÃE EXPÕE CRIANÇA TRANS E GANHA DINHEIRO COM ISSO” e “EXPOSIÇÃO DA CRIANÇA CONSTITUI VIOLÊNCIA E VIOLA ARTIGOS DO ECA, DO CÓDIGO CIVIL E DA CONSTITUIÇÃO. CONSELHO TUTELAR DEVE SE ENVOLVER NO CASO”.

Os textos se referem à página de mídia social de uma criança transgênero que grava vídeos, brincadeiras e algumas mensagens de empoderamento. A página é acompanhada e supervisionada pela mãe do menino trans, com afeto, ética e respeito a ele e aos que o acompanham.

Sabemos que o sonho de ser artista muitas vezes começa ainda na infância e que cada vez mais as crianças têm tido liberdade para criar conteúdos e interagir com os seus seguidores. Claro que a supervisão de um responsável é indispensável.

Dentre tantas crianças que fazem conteúdo e interagem com os seus seguidores, por que o jornal Gazeta do Povo resolveu apenas especular de forma tendenciosa o caso do menino transgênero e sua família. Infelizmente a resposta é que o jornal citado é extremamente conservador e faz frequentes ataques contra a comunidade trans.

As manchetes do jornal são ofensivas e caluniosas contra a mãe do menino trans. Também se enquadram no crime de LGBTIfobia, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (ADO 26 / MI 4733). O menino em questão é feliz, acompanhado por equipe especializada em crianças trans e vive com sua família em um lar repleto de respeito e amor.

Como bem disse uma mãe chilena, ‘crianças trans existem, sim. Não nascem com 18 anos.’

A ignorância não deve ser justificativa para que sejam desrespeitados os direitos fundamentais de uma família e a integridade de uma criança com ataques que podem incitar outras violências, numa escalada que certamente causa prejuízos irreversíveis a todos os envolvidos.

Repudiamos toda o e qualquer censura a nossas crianças. É seu direito serem livres para sonhar em ser quem quiser, em se desenvolver e brincar! Nenhuma criança a menos, nenhum direito a menos.

Respeito e dignidade sempre.

03 de fevereiro de 2021

Thamirys Nunes
Coordenadora Nacional Titular da Área de Proteção e Acolhimento
À Criança e Adolescente LGBT, Aliança Nacional LGBTI+

Thais Ferreira Assis Assunção
2◦ Adjunta

Fernanda Cabral Bonato
3◦ Adjunta

Fabian Algarte da Silva
Coordenador Nacional Titular da Área de Homens Trans e Transmasculinidades da Aliança Nacional LGBTI+.

Layza Lima
Coordenação da Área de Mulheres Trans da Aliança Nacional LGBTI+
Coordenadora Estadual da Aliança Nacional LGBTI+ no ES
Assessora de Mobilização, Integração e Interação da Aliança Nacional LGBTI+

Toni Reis
Diretor Presidente da Aliança Nacional LGBTI+

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