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NOTA OFICIAL DA ALIANÇA NACIONAL LGBTI+ DE REPÚDIO E PEDIDO DE TOMADA DE PROVIDÊNCIAS – CASO DE HOMOFOBIA EM RIO VERDE – MT

Quando pensamos que nada mais poderia ocorrer para afrontar as liberdades e garantias individuais, e conseguimos ter um lapso de tempo acreditando que as leis brasileiras que defendem a diversidade sexual estão cumprindo seu papel de coibir atitudes LGBTIfóbicas, nos deparamos com mais afrontas.

https://g1.globo.com/mt/mato-grosso/noticia/2020/06/29/mulher-e-presa-por-homofobia-e-ameaca-apos-agredir-atendente-de-terminal-rodoviario-em-mt.ghtml

No texto da reportagem acima encontramos mais um relato corriqueiro no meio da comunidade LGBTI+ de nosso país, onde “sem que e sem porque” muitos de nós são agredidos pura e simplesmente por serem quem são, sem que em momento algum sua presença em determinado ambiente ofenda ou transponha a barreira do respeito.

Em pleno dia de comemoração ao Dia Internacional do Orgulho LGBTI+, o jovem João Victor da Silva Pedroso, 22 anos, fora agredido em seu ambiente de trabalho, uma rodoviária da cidade de Lucas do Rio Verde (MT), tal agressão teve pura e simplesmente como motivação a homofobia.

João é agente de bilheteria na empresa Verde Transporte, e no início do passado domingo, uma mulher de 42 anos entrou no local e ultrapassou a barreira que fora imposta para proteção devido à pandemia da Covid-19. João, cumprindo sua função, alertou a referida senhora que se recusou a sair.

As sequências de agressões se iniciou exatamente neste momento, quando a mulher questionou João perguntando se ele era “viado”, respeitosamente a respondeu confirmado que é homossexual. A agressão verbal somou-se as agressões físicas, segurando João pela roupa e esbravejando: “Eu sou uma serva de Deus. Por que você é viado, nasceu sem pinto? Você sabe que viado vai para o inferno? Eu tenho nojo de viado”.

O fato que deveria provocar repulsa em qualquer ser humano que preze pelas liberdades individuais, que tenha em seu coração um pingo sequer de empatia e compreensão de que ser quem somos não é ofensa e muito menos um demérito, naquele momento fora visto com desdém e sem quaisquer ações que pudesse reprimir as agressões que ocorriam.

De acordo com relatos de João: “Eu tentei procurar ajudar, corri para a frente da agência porque tinha muita gente lá. Pensei: as pessoas vão me ajudar e acabou que ninguém me ajudou. Ninguém se chocou com o que estava acontecendo. Todo mundo com o celular na mão, todo mundo queria ter o melhor ângulo, o melhor vídeo para postar.”

Tais fatos como este ocorrido com João, demonstram que cada vez mais o fundamentalismo religioso segue fazendo estragos na construção de uma sociedade ampla, justa e igualitária, permitindo que a manipulação dos textos sagrados seja o cerne que rege a vida de milhões de brasileiros.

Não podemos nos esquecer de deixar claro e límpido para todos que toda e qualquer atitude LGBTIfóbica fora reconhecida como crime pela mais alta corte de justiça do país, o Supremo Tribunal Federal – STF, através da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão nº26 e o Mandado de Injunção 4733, crimes estes inafiançáveis e imprescritíveis.

Não se trata aqui de crítica à liberdade religiosa, mas de ponderarmos quando de fato tal liberdade perpassa o texto da lei, e influencia pessoas a cometerem crimes, se esquecendo do que os textos sagrados tanto defendidos realmente pregam, apagando a real mensagem contida nos mesmos. Fala-se tanto em amor, perdão temperança, domínio próprio, paz, benignidade, bondade etc., mas não conseguimos enxergar a prática de tais preceitos.

Ora, onde estão os que se dizem servos de Deus neste momento, onde estão aqueles que falaciosamente dizem que nós LGBTIs estamos destruindo a sociedade e seus valores, será que somos nós os que tentam impor uma ideologia? Será mesmo que somos nós os que agem em contrariedade aos princípios bases da liberdade?

Nunca antes da história deste país, vimos o levante de tantos discursos LGBTIfóbicos, discursos que acabam por afiar a faca do preconceito, a faca que mata e destroça vidas inocentes, vidas de cidadãos e cidadãs pagadores e pagadoras de impostos!

E por isso, diante de tal ocorrido antes de tudo a Aliança Nacional LGBTI+ manifesta sua solidariedade ao João Victor, e se coloca à disposição para prestar todo e qualquer suporte que se faça necessário para enfrentar e superar este momento sombrio.

Seguindo este ínterim, a Aliança Nacional LGBTI+ parabeniza a Polícia Militar por ter agido rapidamente a fim de garantir que a agressora fosse devidamente presa, para que responda perante as autoridades competentes sob o mais profundo rigor da lei, se possível junto com o/a mentor/a ideológico/a deste crime.

LGBTIfóbicos não passarão!

Denúncias de crimes LGBTIfóbicos podem ser feitos através deste link: https://bit.ly/2vRiXyr

1º de julho de 2020

Toni Reis
Diretor-Presidente da Aliança Nacional LGBTI+

Menotti Reiners Griggi
Coordenação da Representação da Aliança Nacional LGBTI+ no Estado de Mato Grosso

Pr. Gregory Rodrigues Roque de Souza
Coordenador Estadual da Aliança Nacional LGBTI+ em MG
Coordenador Nacional de Notas e Moções da Aliança Nacional LGBTI+

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Sobre a Aliança Nacional LGBTI+ – A Aliança Nacional LGBTI+ é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos, com representação em todas as 27 Unidades da Federação e representações em mais de 150 municípios brasileiros. Possui 47 áreas temáticas e específicas de discussão e atuação. Tem com missão a promoção e defesa dos direitos humanos e da cidadania da comunidade brasileira de lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexuais (LGBTI+) através de parcerias com pessoas físicas e jurídicas. A Aliança é colaboradora do Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+. É pluripartidária e atualmente tem mais de 1000 pessoas físicas afiliadas. Destas, 47% são afiliadas a partidos políticos, com representação de 27 dos 33 partidos atualmente existentes no Brasil. https://aliancalgbti.org.br/ Conheça a Central de Denúncias LGBTI+ https://bit.ly/2vRiXyr

Nota publicada em 01/07/2020.

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